domingo, 21 de junho de 2009

Ah se essa rua fosse minha...

Se essa rua fosse minha…
Eu pedia proteção.
Pra liberdade que eu tinha
Mas pra qual Deus, não tenho noção

As crianças de rua,
da bola se esqueceu
E a boneca de pano de outrora
Nas fantasias envelheceu,

Se essa rua fosse minha, ah se fosse minha…
Eu podia construir,
Cidades, praças, a casa que aninha
Longe do avião que insiste em destruir

Essa rua é minha
Eu posso escolher
Mas entre o leão e o dragão
Qual cruel opção?

A minha rua tem escola,
Têm prédios em construção,
Tem solidariedade e gentileza
E consciência de cidadão

Pensei que a rua fosse minha
Que deplorável ilusão
A rua é de quem paga
O mais alto tostão!

Quero essa rua pra mim
O que precisa se fazer?
Acabar com curumins
E comprar pra se vender?

Se essa rua fosse minha
Ela não seria só minha
Seria de todo mundo
Que compartilha das dores ao fundo

Qual planalto, qual poder
Quer fazer da minha rua
Longe do meu querer
Seu desejos satisfeitos
os meus sonhos, esses, completamente desfeitos.

Mas essa rua vai ser minha
Porque aqui habita esperança
E os sonhos que eu tinha
Ainda são sonhos de criança.


(Anna Corbo)

Um comentário:

FERNANDO CORBO disse...

Compactuo do seu lamento poético esperançoso. Como já diziam, a arte é a redenção da vida. Escreva mais.